domingo, 2 de março de 2014

O porco na mesa minhota


                                                                                Texto Francisco Torres Sampaio  
                                                                                                                                        Foto Luciano B 


 Por todo o Minho, a matança do porco é dia de festa rija e de azáfama por e para toda a casa. O "bichorro", medrado das lavaduras gordas, onde nunca faltou a farinha milha, a cabaça e as couves do quinteiro, está pronto para o "escochinar". Manhã cedo, após um bom "mata-bicho", o "matador" está pronto para a função. Grande é a algazarra e muitas são as ajudas, bem necessárias, pois o "condenado" é dos grandes e vai espernear "com'ó raio"...  Estendido na eira, já com as "últimas" dadas e com o sangue já devidamente acondicionado (por causa da vareja), prepara-se o "chamusco", a que se seguirá uma boa esfregadela, aprontando-se o "bicho" para o "dependuro". No dia seguinte, segue-se o "desmanchar", com a separação das respectivas carnes: as que são para o fumeiro, para as sanguinhas e para o sarrabulho e as que são da salga e que vão para a salgadeira, dando-se às restantes o destino que se pretende... Tudo, ou quase tudo do "bichorro", se aproveita! Terá nascido, exactamente no aproveitamento, quase que integral, das carnes, sangue e ossos do animal, o nome "Sarrabulho" que, cá pela nossa terra, significa, também, confusão, barafunda e, até, pancadaria...



                                           

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